terça-feira, 17 de maio de 2011

No outro dia, fiz um homem adulto chorar

Ok, não fui bem eu que o pus a chorar, foram mais as memorias do passado.

Após um cocktail bem regado a vinho, um parceiro da nossa empresa, com quem trabalhamos nos últimos meses, resolveu brindar comigo por ser uma portuguesa simpática. Nas palavras dele, mudei a imagem que ele tinha dos portugueses. E acrescentou: "because you know, I was in Timor Leste when..." e começa a chorar. Não estou a falar apenas da lagriminha no canto do olho. Alimentado pelo alcool, ele solucava e sorvia ar como um peixe fora de agua.

Não dei mais azo aquela conversa pelo claro trauma do senhor, mas isso abriu uma nova discussão com alguns amigos indonesios. E mais uma vez fui relembrada da forca do quarto poder, que mesmo numa época pós Suharto, numa época livre de censura e em que a liberdade de imprensa lutava por se afirmar, escolheu tomar partido do nacionalismo indonésio e veiculou mensagens como "as tropas portuguesas torturaram indonésios em Timor", ou "os portugueses estão a forcar os timorenses a eleições".

Esqueçam os 80.000 timorenses que ao longo de 25 anos foram assassinados pelas tropas indonésias. Esqueçam os jornalistas australianos brutalmente apanhados no meio desta guerra. Esqueçam o massacre de Dili. Esqueçam tudo o resto, pois na realidade, a Indonésia apenas procurava salvar Timor da ocupação colonialista de Portugal, e substitui-la inicialmente pela ditatorial, e posteriormente republicana, indonésia. E muitos indonésios (não todos), ainda hoje são da opinião que a maioria dos timorenses querem voltar a pertencer a Indonésia. Eu sei porque a Indonésia gostaria de voltar a ter Timor Leste. E ate percebo porque Timor Leste poderia querer ser parte da Indonésia. A moral que tiro desta historia reside tão só e somente na forca deste quarto poder.

Uma pequena nota: Nunca estive em Timor. Pelo que ouço, eh ainda hoje uma confusão, um pais despedaçado e a ser lentamente drenado de recursos pelas empresas parceiras das NU.





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