segunda-feira, 6 de junho de 2011

Viewer Discretion Advised

Este post contem imagens chocantes. Se ficarem mal dispostos, não digam que não vos avisei.

"I actually lived in Thailand for a year before I went to the States. But I was in a refugee camp, so I don't really master the Thai language. It was nice, we had nice accomodations, bed and bathroom, and we could just take the bus out of it anytime, so it wasn't that bad".

Ja estávamos a conversa há algum tempo com este casal de vietnamitas (a residir nos EUA desde a adolescência) quando o homem da esta deixa. E ai caiu-me a ficha que ambos tinham vivido a guerra de perto. 

A guerra do Vietname ainda marca o pais. E se por algum acaso estamos demasiado concentrados em acabar a nossa bebida num bar para nos lembrarmos, um vendedor de rua com revolveres verdadeiros ao lado de revolveres-isqueiro na sua banca ambulante são o suficiente para nos recordar. 

"So, as a vietnamese-american, what did you think about the War Remnants Museum?", perguntou a Zita sobre o Museu que todos havíamos visitado no dia anterior, e que incluía uma vasta coleção de armas, fotos e descrições sobre os terrores praticados pelos americanos em solo vietnamita. E como pessoas instruídas e educadas, a resposta foi politicamente correcta: "Of course it is one sided. This is still a comunist country". 
 
A minha primeira visita ao Vietname, há 5 anos, não deixou essa margem para duvida. Tendo dado entrada em Hanoi, fiquei surpreendida pela crueza da cidade, ainda tão fechada aos mercados estrangeiros que não se via uma única marca internacional. Velhos nos parques ainda envergavam os "pijamas" a Mao Tse Tsung, e por todo o lado a foice e a estrela recordaram-nos a raiz política governativa. Tudo parecia estanque, como que parado no tempo.

Imagino que Hanoi hoje em dia já não seja tão férrea. Pelo menos tomando o exemplo de Ho Chi Minh (Saigon), uma cidade que, ao contrario de Hanoi, me encantou. As reminiscências coloniais bem preservadas na arquitectura e no ambiente romântico da cidade tornaram Saigon numa boutique gigante, com lojas que apetece explorar, cafés, restaurantes e jardins em abundância. 

Trendy e cosmopolitas, os jovens saltam nos skates em frente a edifícios que podiam ser da 5th Avenue, ao lado de um edifício de Opera que nos transporta imediatamente para os monumentos parisienses.

Tudo isto faz-nos esquecer que há menos de 40 anos, a cidade estava devastada pela guerra e sucessivos bombardeamentos dos Vietcongs a um sul considerado simpatizante com os americanos.

"It's nice to see non-americans recognize that the story they are telling at the museum is partial. My parents told me stories of vietcong comunists torturing or killing vietnamese people so they could just blame it on the americans. They told me how they used to hang US sympathizers upside down in town squares and leave them to die, just to make examples out of them. And how they took pictures of everything and propaganda it as american doings", eles acrescentaram, quando abordamos as fotos do museu que eu vi. De corpos amontoados nas bermas, famílias dizimadas, bebes em linha esvaindo-se em sangue. Tanques americanos a arrastar corpos vietnamitas. Pessoas com armas encostadas a cabeça. A brutalidade, o sangue e a violência. 

"Well, I'm sure that anybody with half a brain in their minds can see that the Museum is truely one sided, even though I did buy in to all their propaganda on american experiments in Vietnam with chemical warfare, which is wrong. But then again, at that time, every country in the world was experimenting with that, and they didn't know better", disse-lhes. Mas nao me pareceu que estivessem muito convencidos que na realidade os EUA tivessem sido capazes de conduzir experiencias que resultaram em mal-formações fetais ate aos dias de hoje, mortes prematuras em veteranos da guerra e na morte de centenas de colheitas.

"But I also think that that museum should not be seen as a testimony against the americans. It's a testimony against war, any war", acrescentei da forma mais educada que consegui, sem coragem de lhes dizer que, apesar de toda a barbárie que o museu incluía contra os americanos, concordava que os EUA nunca deveriam ter travado aquela guerra.

Sem comentários:

Enviar um comentário