sábado, 5 de março de 2011

Desgarrado

Em conversa ao jantar com um casal romeno, já com vodka mongol no bucho e ocupada com um delicioso húmus com alho, fiquei absorta pelas palavras deles em relação ao seu país. Fruto da história política e da má gestão popular, eles simplesmente não gostavam da Roménia.

Isso fez-me lembrar um português que uma vez conheci em Dublin, expatriado a trabalhar há cerca de uma ano na Irlanda, e que achava que aquele país era a última coca-cola do deserto europeu. Ele abominava a ideia de um dia regressar, e aproveitava cada segundo para dizer mal do berço que o viu nascer.

Não me levem a mal, não defendo que tenhamos de dizer bem de algum sítio só porque calhou lá nascermos. Mas se amamos os nossos pais incondicionalmente, sem os ter escolhido, e apesar de todos os defeitos que possam ter, não devemos o mesmo respeito ao país que nos é pátria? Principalmente quando de facto temos um país com uma imensa riqueza natural, um património histórico invejável, pessoas hospitaleiras, diversas, lindas por dentro e por fora, tradições, superstições, cultura, literatura, gastronomia, criatividade.

É claro que nenhum país é perfeito, mas estamos mesmo assim tão desiludidos com o nosso país por causa de um Governo que nunca será mais, e que aparentemente pouco fazemos para os retirar para além de nos queixarmos constantemente?

Acho que às vezes as pessoas deviam simplificar-se. Deviam ir mais para o campo, aprender a beleza das coisas naturais e preocupar-se menos com as coisas comezinhas do dia a dia citadino. Talvez seja isso que falte aos romenos de ontem. Os olhos de um português.

2 comentários:

  1. Tb acho que sair nos faz bem. Depois de uns dias fora de Portugal percebemos que é mesmo bom o nosso sol, a nossa comida, os nossos sotaques, as nossas praias... Pelo menos nisto ninguém nos bate! ;)

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