quarta-feira, 2 de março de 2011

Não vou dar título a este post com receio que nada faça jus ao que vou descrever. Mas não sou humilde o suficiente para deixar de tentar descrevê-lo :) Começo por dizer que hoje Jakarta amanheceu com céu azul, algo raro devido ao micro clima nublado criado pela poluição, o que provavelmente ajudou ao fenómeno que se segue.

Reader's Advisory: "mete nojo" content.

Livro debaixo do braço, toalha ao ombro, chinelo no pé. Ao fim de um dia maçadoramente cansativo (levantar as 06h00 para estar num evento às 07h30, passar a manhã em networking e a apresentar o dito, almoço de trabalho, duas reuniões à tarde e fechar a newsletter da empresa), o jacuzzi chamava por mim. E eu, afoita, atendia ao seu chamamento.

Jacuzzi vazio. Inteirinho para mim. Pego no livro, entro a saborear o quente da água, e relaxo. Levanto o livro a um nível seguro sobre a efervescência. Mas algo capta a minha atenção. Ao longe, recortado pelos modernos edifícios e escondido atrás das nuvens, o sol estava a pôr-se, e a preparar um espectáculo único e gratuito. E como eu gosto de coisas gratuitas...

Pousei o livro. Encostei-me. O céu azul com pálidos laivos de verde água estavam pejados de nuvens altas e fofas, que funcionavam como filtros para a luz do sol baixo. Os tons pastel com cores de rosas de casamento deram preguiçosamente lugar a um fúscia alaranjado, forte, intenso, surreal. As nuvens perderam o seu estatuto e passaram a vagas sombras de um alto mar rasgado por labaredas. O tecto da cidade em chamas. A natureza em todo o seu esplendor.

Agora que penso nisso, havia algo de diabólico em todo o meu cenário de jacuzzi borbulhante e quente.

Mas a calma... ó, a calma.

No jardim, um jovem que estava a fazer jogging abrandou, parou e observou comigo. Mesmo a dezenas de metros um do outro, percebi que também ele estava em transe com a grande magnitude e esplendor daquele cenário. E terminado o espectáculo, ele retomou a corrida, em retomei o livro, e senti pena de quem não teve a oportunidade de presenciar a grandiosidade.

2 comentários:

  1. 1.º Sim és má, mas como avisas no início do post eu perdoo-te... afinal li porque quis. Vá e porque a curiosidade mata (a mim pelo menos mata). 2.º o que queres dizer com "cores de rosas de casamento"? 3.º E máquina fotográfica por perto não??? :-)

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