segunda-feira, 25 de abril de 2011

Jakarta, the city that could have been*

* Este titulo facilmente se aplica a toda a Indonésia.

Jakarta eh a cidade do "podia ser". Podia ser limpa, se houvesse educação ambiental e estruturas de suporte nesse sentido. Podia ser organizada, se houvesse vontade do Governo em criar infraestruturas. Podia ser  apetecível aos turistas, se cuidassem do vasto património histórico. Podia ser uma infinidade de coisas, caso não fosse uma cidade/pais de terceiro mundo.

Fruto de anos de governo ditatorial, o Governo actual padece de preguicite aguda e aversão a mudança, condenando a cidade ao marasmo. A enorme paciência indonésia leva a que o povo se vá acomodando e não exija melhores condições.

Muitas vezes no trabalho ouço descrever (e eu própria descrevo) a Indonésia como um pais cheio de "untaped resources". E quanto mais conheco o pais e as suas pessoas, mais vejo que isto eh verdade. Nas palavras do Henrique, my fellow Inov, de cada vez que saio de Jakarta e visito um novo sitio, maravilho-me e quero ficar la a morar.

Praias de morrer dão as mãos a arrozais de fazer inveja a Comporta. Oceano pela frente, selva nas costas. Rios que atravessam formações rochosas de beleza mística. Animais, tantos; pessoas, ainda mais. Mas sempre de sorriso nos labios e dispostos a trocar meia duzia de palavras com buleis. "Take photo" sem que nos pecam dinheiro depois. Da montanha ao mar eh um tirinho, dos vulcões ao rafting, um passo. Frutas tropicais, excelente gastronomia, tudo delicioso. E nem falar na generosidade deste povo, que mesmo tendo pouco, abre de par em par a porta de suas casas para nos receber. O que mais podemos precisar?


Jakarta podia ser a epitome de toda esta riqueza. Bastava querer. Mas quando um não quer, os outros eh que se lixam. E por isso, os Kampungs continuam a descansar a sombra dos skyscrapers, a cidade continua a inundar-se de cada vez que chove, o macet continua a deixar a sua nuvem de poluição, as pessoas continuam a dormir na rua, o lixo acumula-se nos cantos menos ventosos e canais, os poucos passeios continuam a exibir os esgotos a céu aberto, a multidão continua a atropelar-se para entrar em todo o lado, sem civismo, sem educação, sem civilização. O pais do podia ser.

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